REMÉDIOS PARA EMAGRECER? SAIA DESSA ARMADILHA

Remédios para emagrecer? Saia dessa armadilha


Uma notícia, lançada nas últimas semanas, chamou a atenção e me deixou completamente estarrecida.

Fico impressionada como, em pleno século 21, mesmo sabendo dos malefícios que os inibidores podem trazer ao sistema nervoso do indivíduo, eles ainda são liberados para uso e comercialização.


Infelizmente, junto a esta notícia, veio a informação de que quem aprovou tal liberação foram políticos, ou seja, profissionais que não têm estudo suficiente para tal decisão. Mas prefiro não entrar nesse mérito e vou me ater, nesse post, a expressar minha opinião: tanto como usuária quanto como profissional.

A ideia desse post NÃO é falar sobre a atuação dos princípios ativos de cada medicamento, muito menos sua função junto a glândulas, hormônios e sistema nervoso. Mas sim, passar um relato real e informações relacionadas aos aspectos emocionais e comportamentais dessas drogas, no processo de emagrecimento.
 
INSCREVA-SE NA PÁTIO GOURMET RUN - 13/08/2017 - Manaus, AM

Durante muitos anos, fiz uso dessas medicações que prometem emagrecimento rápido e fácil. Desde a adolescência sofri com sobrepeso e, naquela época, era considerado “normal” o uso de medicamentos controlados para o emagrecimento.

Era, inclusive, muito comum médicos endocrinologistas terem as suas próprias farmácias de manipulação, onde eram feitas as famosas cápsulas, tomadas duas vezes ao dia: às 10h e 17h.

Anfepramona, fenproporex, sibutramina. Eram esses os nomes. Sempre acompanhado da receita, um papel azul – famoso – indicava que a medicação era controlada. Após passar por um exame simples de possíveis nódulos na tireoide e tremedeira, saíamos dos consultórios alegres rumo a libertação do emagrecimento! Mal sabíamos que estava apenas me aprisionando.

Os medicamentos nos tornam dependentes. O organismo se vicia, você passa a emagrecer somente se tomá-los. Mas não era só isso! Eles afetavam diretamente o sistema nervoso, fazendo-me ter oscilações bruscas de humor: hora estava atônita, sem reação e por muitas vezes chorava sem motivos aparentes. Além de provocarem o efeito rebote: após emagrecer e parar de fazer uso das drogas, sempre recuperava o peso que havia eliminado, ou até um pouco mais.

Efeito sanfona

Passei a dar boas-vindas ao efeito sanfona, desenvolvi depressão, transtorno de ansiedade generalizada e síndrome do pânico, devido ao uso. Após anos e anos nesse sofrimento, descobri que o processo de emagrecimento se dava de dentro para fora. Entendi que a obesidade é uma doença de causas multifatoriais, e principalmente emocionais.

O aumento do peso é apenas o sintoma de que algo por dentro está em desequilíbrio. Então, busquei tratar dos motivos que me levavam a engordar em todos esses anos. Após 5 anos e 28 quilos emagrecidos, mudei e estou livre de todos os transtornos psiquiátricos que os inibidores de apetite podem causar.

Sim. Hoje, como psicóloga especialista em transtornos alimentares, tenho propriedade para alertar dos males que podem ser causados com o uso dessas drogas. Desde taquicardia, boca seca, confusão mental em curto prazo, até depressão, ansiedade e pânico a longo prazo. Os remédios inibidores de apetite atuam no sintoma, ou seja, não tratam a causa que levam a pessoa a comer demais ou a não se exercitar ou a não se cuidar.

O uso desses medicamentos promete o emagrecimento sim e até o promovem, mas não garantem que seus resultados serão sustentáveis e muito menos que serão atingidos de uma maneira saudável.

Os médicos, em sua maioria, infelizmente ignoram a importância de se tratar a mente no processo de emagrecimento. E veem a medicação como uma das únicas alternativas, para se combater a obesidade, seguido da cirurgia bariátrica.
 
Foto: Jaroslaw Kochanowicz/Fotolia Foto: Jaroslaw Kochanowicz/Fotolia

Vivemos em uma sociedade onde o conhecimento médico é mais reconhecido do que o de um profissional de psicologia. Porém, os médicos não possuem ferramentas que os psicólogos dominam para o tratamento das emoções e dos comportamentos. Por esse motivo precisam utilizar os remédios como recursos, focando nos resultados que esses podem lhes trazer.

Seria muito mais inteligente e consensual se todos entendessem que ambas as atuações se complementam e que o tratamento da obesidade, deve ser realizado de forma multidisciplinar, para que se tenha assim o resultado mais adequado para o paciente e a cura da doença.

Fonte: Webrun.com.br