JÁ TEVE DOR DE BARRIGA NO MEIO DA CORRIDA? ENTENDA PORQUE ISSO ACONTECE

Já teve dor de barriga no meio da corrida? Entenda porque isso acontece


Quanto maior a intensidade, maior também a vontade. Entenda e tome as devidas precauções

Quase todo corredor tem uma história ‘trágica-cômica’ de quando estava no meio de um treino ou prova e teve que literalmente para tudo e ir ao banheiro. Pode parecer besteira, porém em uma competição importante ou mesmo em um local com pouca estrutura, essa situação pode ser um problema dos grandes.

Como o corpo funciona?

O gastroenterologista Fabio Maximiano explica o motivo disso acontecer. “A atividade física é um importante estimulante para o correto funcionamento do intestino, sendo inclusive uma das primeiras medidas que devem ser adotadas em pacientes constipados. A corrida é particularmente importante, pois além de aumentar a frequência cardíaca e, consequentemente, o débito cardíaco o que leva a uma melhor irrigação sanguínea do intestino e toda a musculatura pélvica, também trabalha intensamente os músculos abdominais que formam a chamada ‘prensa abdominal’ e que são de extrema importância para o mecanismo da evacuação”.
 
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Fabio explica que o intestino, especialmente o grosso, é estimulado quando corremos em decorrência do aumento da circulação que ocorre no órgão. A dor acontece quando essa contração é muito intensa, ou quando ela ocorre em momentos em que não se pode evacuar (como uma corrida, por exemplo), onde o cólon está contraído para expulsar o bolo fecal, que está ‘brigando’ contra o esfíncter anal e tenta segurar o bolo fecal por não ser um momento ‘adequado’ para a evacuação.

E a alimentação?

Fibras, gordura, proteína e concentração de carboidratos nas bebidas esportivas de alta osmolaridades, estão associados a presença de sintomas como náuseas, vômitos e diarréias”, alerta a nutricionista Andrea Matarazzo.

A especialista explica que uma parte substancial (20-50%) de atletas de resistência são prejudicados por esses sintomas. Em contraste, os períodos de exercício repetitivo com uma intensidade relativamente baixa podem ter efeitos protetores no trato gastrointestinal.

“Há fortes evidências de que a atividade física reduz o risco de câncer de cólon em até 50%. Entre os atletas, o exercício intenso, a desidratação e o atraso gástrico são as principais causas de queixas gastrointestinais, enquanto que a isquemia intestinal é a principal causa de náuseas, vômitos, dor abdominal e diarréia. Além disso, qualquer fator que limita a evaporação do suor, como um ambiente quente e úmido e/ou desidratação corporal, tem efeitos profundos na depleção de glicogênio muscular e risco de doença de calor”, explica.

O objetivo da reidratação do exercício é a ingestão mais fluida por via oral do que o que está sendo perdido no suor. As bebidas esportivas proporcionam a adição de sódio e carboidratos para auxiliar na absorção intestinal de água e reconstituição de glicogênio muscular, respectivamente. No entanto, o esvaziamento gástrico é proporcionalmente retardado por soluções ricas em carboidratos (hiperosmolares). Por outro lado, para evitar a hiponatremia, é recomendável evitar a super hidratação.

Entenda o que é a desidratação induzida pelo exercício

A desidratação, em exercícios de endurance, aumenta a degradação do glicogênio muscular e o nível de lactato no plasma. Qualquer fator que limita a evaporação do suor e a desidratação corporal, como clima quente e úmido, afeta a depleção de glicogênio muscular, provocando efeitos negativos na performance do atleta e aumentando o risco de presença de insolação, câimbras, edemas e exaustão.

“Em exercícios de alta intensidade o fluxo sanguíneo é reduzido nos tecidos centrais e a falta de oxigênio induz mudanças na absorção de nutrientes, motilidade e na integridade da mucosa intestinal, resultando na presença de desconfortos gastrointestinais”, diz Andrea.

Como evitar?

“Além das fibras, alimentos que levam a fermentação e produção de grandes quantidades de gases devem ser evitados, uma vez que uma grande quantidade de gás na luz intestinal leva a distensão da alça intestinal e sua consequente contração, levando a cólica abdominal”, explica o gastro.

Fonte: Webrun.com.br | Christina Volpe